O Jornal de Negócios noticia na sua edição de 4 do corrrente que o Benfica está a negociar com um grupo de entidades bancárias uma operação de engenharia financeira que consiste em titularizar as receitas de bilheteira e de publicidade dos principais patrocinadores das bancadas do Estádio da Luz. O princípio não é novo, trata-se de obter já, ou seja antecipar, encaixes financeiros que estarão mais ou menos assegurados no futuro. O Governo português tem ultimamente usado (abusado?) disso, no âmbito das chamadas medidas extraordinárias para pôr o deficit orçamental em níveis mais aceitáveis, como foi o caso da titularização das dívidas fiscais. O lema, com alguma simplificação é certo é, “receber hoje o que está prometido para amanhã”. Priveligia-se o presente, o futuro se verá!Esta situação suscita a análise do estado financeiro actual dos clubes portugueses; e já não falo dos pequenos clubes, de que os exemplos recentes do Salgueiros e creio que do Felgueiras são apenas paradigmáticos. Falo dos grandes clubes de Portugal.O Futebol Clube do Porto, que nas recentes épocas atingiu o topo nacional e internacional das "performances" desportivas, nem por isso deixou de apresentar resultados líquidos substancialmente negativos nas últimas épocas. Ressalve-se, embora, que a venda dos craques Deco e Ricardo Carvalho no início desta época, entre outros, terá impacto apenas nas contas do exercício em curso.Do Sporting são ainda recentes os ecos da preocupação de proeminentes figuras sportinguistas relativamente ao elevado passivo constante do Balanço.No Benfica, com 122,8 milhões de passivo, 40,1 milhões de endividamento e 8 milhões de euros de prejuízo na época 2003/2004 (números avançados pela mesma fonte), tem havido um esforço significativo nos últimos tempos de recuperação da situação caótica das finanças herdada das últimas direcções, mas bem se vê, que caso não haja êxitos desportivos a curto prazo a situação dificilmente se equilibrará.E entra-se num círculo vicioso : para ter sucesso desportivo tem-se de investir (ou pelo menos de não “desinvestir” os melhores jogadores) e para investir tem de se ter dinheiro, dinheiro que se procura arranjar alicerçado em expectativas de sucesso desportivo futuro. Se o sucesso desportivo se atinge a situação pode equilibrar-se, se não ocorre a situação torna-se ruinosa.E esta análise, ainda que superficial, remete o tema para outro mais fundo e que agora tem andado esquecido, que é o da remodelação do quadro competitivo das principais provas do calendário nacional de futebol.Então a redução do número de clubes já está (outra vez) nas gavetas? Já viram qual o número de espectadores que assiste à grande maioria dos jogos, mesmo na Superliga?Então para a dimensão económica, e geográfica – tamanho e população – justificam-se tantas equipas nas divisões profissionais?Quem de direito que responda, quem de direito que tome as medidas adequadas, mas depressa, porque se não houver medidas cautelares, ah … não duvidem, mal os bancos não aceitem continuar a suportar os apoios financeiros aos clubes e as taxas de juro aumentem e teremos ... falências, ou ...talvez não, talvez venham aí alguns "mecenas" de leste (ou da Ásia) tomar conta deles.
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